quarta-feira, junho 23, 2010

sei que Sempre que se magoa alguem
perdemos a criança que há em nós.

não me vais tirar o que é teu
(cheira-me.. não sai.. és tu)
tenho no meu sangue tudo o que foste
o que viveste e porque o fizeste
sao minhas as lagrimas do teu passado
e fiquei para sempre com um sonho quente que ri,
e se um dia a tua musica me adormeceu
juro que a tua raiva me vai ver a acordar
sozinho, desesperado por ti.
se ao menos eu tivesse menos um só sonho
e não precisasse de fugir e de me perder..
mas tenho que caminhar sozinho
ja abandonei tudo e nao me quero encontrar.
hoje sou menos eu, e tu, mais tua.

segunda-feira, janeiro 01, 2007

A Noite

a noite que dorme ao teu lado
chama-te pelo nome e não das conta
ouve as tuas palavras, os anseios
chora nos teus pesadelos
e sente todos os teus sonhos

de manha vives com o sol
ris-te com o novo dia
e ao acordar
abres a janela
e deixas entrar um novo ar
uma manhã soberba
que aclara os teus vestígios
e limpa o que a noite carregou


durante o dia és tu
e a noite,sou só eu

quinta-feira, dezembro 07, 2006

Prelude Op. 2815 in D flat major

a vida passa a cada hora
que passa a cada gota
que cai, um silencio arrasta
a cada gesto que nao faça
alguem ameaça
que a vida que passa
toca mesmo sem mim

domingo, novembro 26, 2006

Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco
conheço tão bem o teu corpo
sonhei tanto a tua figura
que é de olhos fechados que eu ando
a limitar a tua altura
e bebo a água e sorvo o ar
que te atravessou a cintura
tanto tão perto tão real
que o meu corpo se transfigura
e toca o seu próprio elemento
num corpo que já não é seu
num rio que desapareceu
onde um braço teu me procura

Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco

Mário Cesariny

quarta-feira, novembro 22, 2006

a forma como te olho
é ambígua, querido
se por um lado te vejo
por outro tapo a peneira
a cegueira fere-me os olhos
e o meu olhar anseia

a noite que me acalmou o espirito
canta a discórdia do amanhã
o meu amor sabe a nada e a tudo
toco o que o destino me traz
e o meu canto é mudo

o meu movimento é estar deitada
de tanto estudar o meu sofrimento
acabei por ficar curvada
dizem-me que parece que rezo
mas a minha voz está calada

domingo, novembro 19, 2006


epá, eu..

quinta-feira, outubro 26, 2006

nao aguento as minhas manias
as tuas,porra, são tuas
ves-me a lidar com cadeiras
e a partir notas no piano?
sujo a cabeça pelo salao
raspo os labios na parede
estravazo e extrapolo
dou eco a minha solidao
e vens-me com merdas
que não vens, não?

nota..
o meu mote não e esta indecencia
de me esmifrar num canto esquecido
gastar renovas e soprar o balao
ouvir discos antigos
chafurdar mexericos e trocadilhos

sou gajo para estas merdas e muito mais

a neblina que encobre os meus anseios
ensinou-me a vaguear sem nexo
e minto, se disser, convicto
que o fiz, que rumei incerto
porque de todos estes desertos
germinou sempre rasto de verdade
ouve quem quiser e digo mais,
que sem duvida, colhi a flor
cheirei-a, comi-a e vomitei-a
pu-la num altar e encostei-me
aos seus espinhos a cantar..
o sangue desse conto
jorra sem pudor, quase obsceno
nas pegadas que deixei na areia
e desenha a seguinte inscrição:
todos os mistérios que amei
nunca do coração fui vitima
sei que caminho tomo
e nunca,nunca duvidei

sexta-feira, outubro 20, 2006

o pescador que deita a linha
adormeceu agora, erro trágico
está-lhe um peixe a comer a alma
e outro, zomba, sentado a seu lado
a fumar os seus cigarros

se acordasse, este pescador
agarraria na lanterna e descia pelo mar
esta na hora de procurar, disse
mas este pescador que dorme
sonha que ja encontrou

é volátil, esta prática
de sonhar, digo
mais valia agarrar a linha
agarra-la ate ser dia
e depois, sonhava à noite

este pescador que dorme acordado
este pobre pescador não acorda
e os sonhos passam-lhe ao lado

sei de ouvir da tua boca
sei de olhar para um castelo nas ondas
a vaguear na noite sem lua,
sei o que é rebentar por dentro
e estar febril quando acordo
louco na escuridão
e perdido pela manhã

e quanto mais penso mais entro
no saber inconfundivel
que os teus olhos mostram
sao caminhos que se mostram na noite
fecho os olhos e guio-me
por ti

terça-feira, outubro 03, 2006

a noite que canta o teu amor
sabe a diamantes e come-te de manha
es senhor das mascaras e da vida
boemia tarada, loucas fantasias
trazes pozinhos de magia nas mangas
e se à noite te envolves em suores
sopra-los da mao durante o dia
e es estrangeiro em fuga

o meu amigo vive em sonhos
a irrealidade dos contos viris
nao e para aqui chamada
contem-me historias que duvido
e nele, senhores, acredito

a noite que canta o teu amor
sabe a caviar e de manha a arenque
-esta boa senhora? eu estou quente..
os olhos que te veem brilham
e os suspiros que dao, na cama cheia
cantam doces encantos para ti
de manha es outra vez teu
e pela estrada fora
pensas que chega outra noite
está quase, nao demora..

"po meu amigo xulinho"

sexta-feira, setembro 29, 2006

tantos sonhos que desenhei..
os castelos de fosforos e de cartas
que se amontoam na minha escrivaninha
sao fogo de artificio, dias perfeitos

Comprei os adjectivos à consciencia
e vendi-os á minha alma
amei o que tinha para amar
e em silencio esqueci as flores
as flores da minha vida..

fiz das nuvens mensagens de fogo
por amor de deus, amei a serio
assinei pactos com varios deuses
e nunca os consegui pagar

Escrevi os passos da glória
que sei eu? inventei...
discursei aos meus desejos
oh como fui convincente

e agora, deixo-te a cantar
vou-te deixar a cantar

a poesia toda que li
e me ajudou a amar o mundo
cai assim sobre os meus joelhos
e neste livro, que agora se fecha
deixo um espaço vazio

domingo, setembro 24, 2006

sonho branco

as noites que passo ao sol
sao minhas bem sei
e se me escondo em sonhos brancos
ou em véus, claros, que me tapam
sou logo acometido de loucuras
tomado das doenças mais esquisitas
apunhalado pelo fado e pela fortuna

eu nao sou louco, amigos
mas digo-vos que noites mal dormidas
excessos criativos, ironias destemidas
e as experiencias que nao vivo
me abriram os olhos
e assim fiquei,
com ar de demente
a brincar com o sol à noite

quarta-feira, setembro 13, 2006

hoje
que os teus olhos movem marés
que o doce da tua boca
ilumina herois, destroi almas
cria horrores e fustiga os bravos
as tuas doces palavras
servem-nos de sonho, de modelo
dao-nos caminho e riso e vida
dao-nos ser, forma, luz
hoje
que sonhamos com serenatas
com bailes na tua presença
com o teu lento caminhar
que tortura, que humedece que diminui
o brilho da tua pele que inflama
as noites passadas em pranto
em sonhos frios, em conversas loucas
as noites que sonhamos sozinhos
e falamos juntos
tudo por ti, tudo por ti
hoje
amor e desespero, fogo eterno
luz crepuscular caminho do inferno

sentado a olhar um fauno ridiculo
sou eu que toco sozinho
a musica do meu pranto
eis-me louco, o feitiço do teu encanto

terça-feira, julho 25, 2006

quando falas do mar ,minha amada
vês que fico quase emocionado
não é pelo mar em si, que me é inútil
é pelo teu ânimo, que me faz acreditar
que se tivesses algum por mim
não precisaria de me emocionar assim
o que me faria, invariavelmente,
não conhecer tão bem o mar

somos partes lindas do teu corpo
adoramos pontos de confluência
traços que sobem, que descem
que acabam e começam e se dividem
somos os teus olhos azuis
e as lagrimas do teu sorriso
os teus momentos distraidos
sao retratos que se guardam
os desejos que provocas
são o sal, o sol a minha sombra
o meu Sul, o meu Norte, o meu Forte
e as tuas mãos que se controlam
seguras, firmes,aguentam o mundo
a força da tua imperativa altivez
e os pecados da tua fraqueza
oh, como vive alguem que nao ama?
sabes... somos teus sofia
somos paixoes, ódios, segredos
e rios e esperança e amor
somos os teus sonhos
e como eu adoro
fazer parte deles

segunda-feira, julho 03, 2006

conto os dias como um louco
o meu amor proprio anda
a rolar pelas pedras, os seixos
de tanto limados,
sao agora pequenas e tristes
lembranças feridas do que fui

sou fogo que nao queima
sou a esperança do amanha
conspurcado pelo momento
terrivel a manha, a virilidade
da minha glória, tão vã

o meu cavalo jaz morto, enfim
morto pela seta do meu orgulho
mas as pernas que nasceram em mim
tão donas de si mesmo,
não me deixam cair
e rolar pela praia,
como os seixos que carrego no bolso
tão cheios de mentiras e sonhos

quinta-feira, junho 29, 2006

os sonhos que adornam o teu corpo
são chamas vivas, múltiplas fragas
que piscam o olho à minha polidez
e me obrigam a ser
meio doido, quase destemido
invariavelmente poeta
feito do escuro, escravo do teu ser

quarta-feira, junho 28, 2006

pequenino e num tom diminuto
assim toca o meu passo
que em vão, acompanha o teu, apressado
ai, a rua que acaba ja ali
e eu ja estou atrasado

sou velho e gasto,
e odioso, cheio de tiques
cheio de pequenas manias
e meios sorrisos para dentro
desenhados por ironias marotas

mas o que nao digo é receio
das tuas longas pernas
que percorrem mundos que desconheço
e tu tão frontal, genuina
fazes-me pensar
que o tempo que perdi
só me fez atrasar

acordas de um sonho
metes-te noutro
são as vagas da tua vida
que correm a afogar-te
e o que vês a rebentar
nao sao ondas na tua vida,
são sonhos e espuma

o meu amor,
é o momento breve
que
quando estou sozinho
me faz dormir

sexta-feira, junho 23, 2006

doem-me os olhos
é sal e lágrimas
são cactos da madrugada
que me picam pela manhã
onde a noite não expurgou
todo o mal da minha mente sã


cão do nilo, que escava sem dó
eunuco fingido, metido em harem
sou golpe de asa, jogo de cintura
sou febre em lisboa, lua da noite
lobo que uiva
no teu regaço
humido enfim,
do meu espirito vivaço

familia


estou, sentado numa redoma
num ponto distante do mundo
quero aliviar o meu cansaço
e fico aqui, onde se canta
a voz do sangue, da alma
os choros que partilhamos
que sao nossos,
sao estrelas que nos guiam
e nos prendem

que lindo o vosso sorriso
que me faz sonhar com a paz

nao ha vento, onde durmo
nem milagres mas há poesia
e a dor que trazemos
é a nossa, a nossa

domingo, junho 18, 2006

estava a chorar porque estava triste
e depois chegaste e agarrei-me a ti
fiquei com menos soluços
e deste-me um beijo feliz

vou-me agarrar a ti a noite inteira
e dizer-te porque chorei
é que não foi mesmo nada de especial
mas agora..ja estou aqui

o que quero é o teu carinho
quero ficar aqui e contar
porque chorei
vendo bem..
nem sei..


para a minha zuchinha, ou zhuchucha ou zucha (qdo estou mais chateado)

quarta-feira, maio 24, 2006

quando acordo cuspo um fio
longo, espesso, o fio da minha vida
abro a varanda e olho para lisboa
e canto com vontade

estico os braços, endireito a barba
as guitarras lá em baixo
me dizem que sou velho
janelas do passado

mas olhem, ve-de que acordo
e depois de me cuspir ainda olho
e os meus olhos sao azuis
e a minha voz rouca

guitarras
conhecem-me tão bem
quando fui novo arrebataram-me
e agora velho,
rio-me que zombem de mim

agora, que so tenho esta voz
não é de certeza a altura de deixar
que a vergonha de deus
me impeça de cantar

e assim, vou porventura morrer
com um sorriso na cara
guitarras toquem que vou cantar
toquem de mansinho
que vou cantar

quinta-feira, maio 18, 2006

agarro a noite
como se da minha voz, nunca ouvisse
- amo-te com alma,amo-te com alma

levanto-me de madrugada
o vento nao sopra e quando tu sorris
ensaia vozes que dizem que me renda
e grite a plenos pulmoes
- amo-te com alma, com alma

mas a noite que me consome
diz-me que adormeça nos seus braços
e se te amo com a alma, à noite
amo-a com todas as forças
que o meu pobre corpo
não tem

quinta-feira, março 16, 2006

depôs as suas armas ao pé da cama
deitou-se nu e pensou
-se hei-de pensar nela mais uma única vez
enfio um balázio na nuca

adormeceu com as mãos atrás da cabeça
e de peito ao relento
tão cheio de si e tão determinado
que quando ela veio,
e lhe disse:
sou feita de pedra
não me tens de amar
puxou com força as mãos para tirar a pistola
e viu que as não sentia

então acordou e saiu da cama
e nunca mais para ela voltou

estive em tantos sitios enquanto dormia
quase sempre não aparecias e se sim,
nem me lembro bem, devo admitir..
mas sabes, os sonhos são feitos como as nuvens
como te hei-de explicar isto..

olha são feitos de ar e de espiritos
e daquelas coisas que nos nem sabiamos que
se riem na penumbra, de nós..
mas em todos esses sonhos nao apareces
e, é bom, porque assim posso sonhar à vontade

posso ser um pirata em fuga, ou um heroi destemido
ou um cobarde que foge e se escandaliza,
(o que acontece frequentemente)
posso ser qualquer coisa e brincar na areia
mas quando acordo ..

cheiras a amendoas e a mel
danças na minha mão e deitas pózinhos de sol
ris-te com encanto e olhas com paixão
agarras-me como se hoje fosse o fim
és sonho doce, és coragem para amanhã
és princesa, accção, avião
palmeira e praia, e mar e mar e mar
és o meu sonho de uma vida
e ,Heureca!
Estive a sonhar, estive a sonhar..

Para a minha bébé :)

terça-feira, setembro 20, 2005

há um caso para cada caso
clinicamente testado
ao longo de todo o processo
ha um que se cansa e outro que se apega

as gardenias, as gardenias meu amor
sao feitas de vento
então deixa-as que ao lhes tocar
mexes com ar querida, mexes com ar

vou para longe porque é dia
a noite que me lambe o cabelo
deixou-me meia branca em sapato preto
e fico doente sempre que vejo querida
que me puxam
que me puxam as gardenias

quinta-feira, setembro 15, 2005

Depois de ter passado o mês mais difícil da sua vida, Jacinto Rebarba, amigo de trabalhar e homem a quem se pode deixar dirigir os serviços administrativos da empresa X, destruiu-se completamente.
O seu trabalho consiste em dar entrada e saída a todos os documentos oficiais, e despachá-los para as entidades convenientes, mas isto não é nada fácil. Exige um método e uma concentração como nunca antes vista. Ora vejam. Vamos supor que entra certo documento na empresa, por exemplo um convite de uma gala para o Sr. Presidente.
Jacinto Rebarba mal recebe o documento na sua máquina de fax tem de carimbá-lo, no carimbo escreve a hora de entrega e o respectivo dia, depois terá necessariamente de pôr um número de referência no dito fax e, obviamente, inseri-lo num dos mil e um trabalhos que a empresa está neste momento a fazer. Os trabalhos estão, como se sabe, inseridos em dossiers. Naturalmente Jacinto não vai ao quarto andar procurar dossier por dossier , para isso tem um programa de computador deveras jeitoso que alberga os nomes dos trabalhos. Vê o número do trabalho e escreve no fax original, que recebeu. É aqui que começa a sua aventura. O documento deu, de facto, entrada oficial na empresa e a partir daqui Rebarba já não é um simples homem. É um trabalhador afincado que terá de passar mil e uma peripécias até este documento, daqui a uma semana ou duas (provavelmente quando passar a data da gala) chegar às mãos oficiais do Sr. Presidente. Mas isto não é grande problema porque provavelmente o Sr. Presidente recebeu o convite em casa. E Jacinto sabe-o, o que não o demove, de concluir a sua tarefa, não produtiva, com o maior dos empenhos.
Mas estava a dizer que Jacinto se destruiu, arruinou, se miserabilizou completamente no último dia da semana, eram provavelmente umas quatro da tarde..
Pois bem, tudo começou quando Jacinto viu na parede uma barata. Uma No meio daquela azáfama do trabalho árduo, Rebarba sorriu. Lembrou-se das suas férias pacíficas na casa de campo dos seus pais. Os bichos, os gatos perdidos, muita verdura, muitos insectos, formigas em casa e baratas e escaravelhos e osgas… que nojo! Como gostava da cidade..
E nisto puxa a mão atrás, sorri com deleite e VUMBA, mesmo ali na parede esborracha temerário a barata. A barata esguichou um líquido para os lados, Rebarba tirou a mão da parede, o cadáver mutilado do bicho caiu e ao voar em direcção ao solo, raspou na fotocopiadora e por acaso do destino manchou o convite oficial do Sr. Presidente. Ainda mal tinha sentido a felicidade da vilipendia , soltou um grito lancinante, aquele grito agudo , seco e disse HORROR!
Naquela sala criminosa, o simples acto de matar uma barata seria perpetuado para sempre nos registos dos registos do gabinete Y que trata das ocorrências anormais. O espectáculo era surpreendente e deparava-se Jacinto com os três problemas que num segundo se raiva, tinha criado. Um, a mancha verde da barata na parede. Dois,o cadáver da barata no soalho e três, o convite oficial manchado com aquele líquido abjecto, pestilento e colante.
Todos estes factos teriam de dar entrada, ser carimbados e despachados para os vários dossiers bem como as cópias destes para os departamentos respectivos… Ainda por cima eram quatro e picos da tarde e o mundo burocrático fecha às cinco horas..

ao longe o som
que murmura docemente
uma música de alegria
uma rapariga loira no fim de um verão
um doce encanto, que me ganha
e me rói.
sou filho dos humanos afinal
e tanto me converte este sentimento
que se o mascarar, com a força do amar escondido
sei que tenho um grande amor à minha espera
e para quem voltar
quando estiver prestes, prestes
a adormecer

sexta-feira, maio 27, 2005

hoje acordei e da janela
ouvi passaros que zumbiam freneticos
congeminavam o meu destino
e riam-se violentamente
e a tudo isso eu assistia
quando acordei, da minha janela

que asco sinto desses pássaros
que em bando, se ajuntam
para me assolar a vida
inditosos excrementos

fujo, salto desta cama
e voo.. voo.. voo..
enlevo, encanto, arre, é vida!
vou-me juntar ao bando
vou acordar alguém..

quarta-feira, fevereiro 23, 2005

vais chegar a algum lado
e nunca, mas nunca olhar para trás
o caminho é de ouro e luz mais à frente
é tão fácil, tão fácil andar

Não olhes para mim
nem sei bem se estou cá atrás
porque quando passas não se acende mais
mas ficarei a pensar que te tenho
aí à frente a caminhar

e sabes sempre que em cada metro
em cada ponto pequeno dessa rua imensa
está o meu sangue espalhado
e as lágrimas que derramei
para que o teu caminho brilhe

terça-feira, fevereiro 22, 2005

os nomes da minha vida



Os nomes das ruas que atravesso
são selados em mim, a alcatrão
nomes que vejo, assim como acaso
e sendo eu ditoso, quase despreocupado
transeunte espirituoso, sempre a sonhar
dou por mim a decorá-los sem esforço
os nomes das ruas que procuro
e encontro, ruas com nomes
que me desditam, adoram, ou zombam
são os que me esqueço
não por querer, e nem é mágoa
é que os nomes dessas ruas
são desejo e anseio
admiração e intuito
capricho e enigma
são nomes que dão vontade
mas esquecem-se nas tabuletas
das ruas que atravesso

Vasco Farpa

quarta-feira, janeiro 19, 2005

História vilipendiada de dois e de um e de outra

este caso e frequente
e por defeito surpreendente
somos todos feitos de ocasião
e este, é a confirmação

Certo homem, douto e sabedor
conhecido pelos demais como boa gente
ora, logo se pôs atrás de certa mulher
cuja candura se pôde provar surpreendente

E outro homem, este já menos fino
mas com bastante talento
se enamorava de uma femea poderosa
mas com desejo de maior força, maior alento
rapariga exigente..

Ora a história faz-se assim
destas duas confluências:
o primeiro desertou, pois ganhou
a excelência da primeira, a sua inocência
o segundo se acanhou, por temer ser impossível
maior garra da sua essência

E agora deixo-vos assim
a pensar que a ocasião
que tanto defendi
ainda não se manifestou
dura a tarefa, ao que eu me dou:

Pois bem, final da história
O douto foi ao encontro da vida
está hoje acabado, numa maré vazia
a poderosa hoje encanta salões virtuosos
por onde a virtude anda escondida
e o temerário e a dama cândida
estão juntos em qualquer canto
a fazer do amor e da ocasião
a mais bela manifestação
que a humanidade é de facto
muito surpreendente

A mão


sou macerado com prazer
pela mão que torce e me beija
a mão que antes, me renegava
e agora vede, tanto me deseja

a ela hoje desarmo
a essa mão, destemida
que agora me agarra com força
e com força lembro-me antes que a queria
agarrada assim ao meu corpo
a puxar a puxar
até rebentar

quinta-feira, dezembro 02, 2004

quando soube quem eras sorri
e peguei em pouco e saí
comprei algo com que me sentir bem
bebi chá de mil ervas e chorei

Quando soube que era tarde dormi
fechei os olhos e agarrei
qualquer memória que doía e amei
vi que não tinha nada e tremi

Quando te vi chegar ri-me
dancei porque era domingo
valsa, harlequin, doce de mim
depois dormi e não sonhei
e se é branca a cegueira
então sou cego por ti

Saint Simenon

segunda-feira, novembro 08, 2004

Passa por mim no rossio

atraiçoa-me querida
e poe esse homem no teu leito
não és minha, minha querida
és gaivota? então voa
afinal tenho Lisboa

perfeito, vou andando
errando com cigarro na mão
e bóina e rosa na lapela
sou cais do sodré
sou o tejo parado
esse homem que durma descansado
que hoje sou mãos e cartas
sou jogo, sou dono, sou fado
sou fusca e tiro, sou mal amado
dá-lhe um beijo e és dele
e se de mim ainda te lembrares
um dia, perfeito!
desce as escadas, encontra o rio
estou prostado a embargar a voz
que canta lisboa, mas não consigo
e que se dane, se queres mesmo saber
cantava se fosse contigo

domingo, outubro 31, 2004

Block Rockin´Beats

vais-me deixar outra vez
assim na penúria
com uma caneta na mao
e na outra perdida
a minha inspiração

e o teu genio que e meu..
ora que se foda
que lhe doa então
e o sofrimento de te ter
seja a vaga de fúria
que me faz escrever
qualquer poema de verão

quinta-feira, outubro 14, 2004



sou tão feliz
mas tao feliz sr poeta
que hoje se chorasse
era de felicidade
e o sr tinha de escrever
que as lagrimas que derramava
nao tinham nada de poesia
porque a poesia faz a gente chorar
e eu sr poeta,choro de alegria

quarta-feira, outubro 13, 2004

o ultimo soneto


Lá, quando em mim perder a humanidade
Mais um daqueles que não fazem falta,
Verbi-gratia o teólogo, o peralta,
Algum duque, ou marquês, ou conde, ou frade;

Não quero funeral comunidade,
Que engrole sub-venites em voz alta;
Pingados gatarrões, gente de malta,
Eu também vos dispenso a caridade;

Mas quando ferrugenta enxada idosa
Sepulcro me cavar em ermo outeiro,
Lavre-me este epitáfio mão piedosa:

“Aqui dorme Bocage, o putanheiro;
Passou vida folgada e milagrosa;
Comeu, bebeu, fodeu sem ter dinheiro"

O deus do sexo também é gordo...



amor sem beijinhos
(pq ainda gostamos um bocadinho de ti)


tiraste-nos tudo e agora
temos de ir sozinhos,
nao nos querem a sorrir
e vamos por ai, taciturnos
é o teu paraiso
mas vamos por ai

roubaste tudo o que havia
e comeste o pao que restava
o caminho para ti luz
e andas numa limusina branca
passas por nós que caminhamos
lentos mas decididos
andando assim por ai

agora ate andas de fato
e falas mexicano
elas olham para ti e nos
(que gostavamos)
rimo-nos entre nos
da tristeza e miséria
mas nao aguentas com tudo
e nos estamos aqui amigo
aqui nao, mas por ai





segunda-feira, outubro 11, 2004


sexta-feira, outubro 08, 2004

Dicen que por las noches
nomas se le iba en puro llorar
dicen que no dormia
nomas se le iba en puro tomar
juran que el mismo cielo
se estremecia al oir su llanto
como sufrio por eso que hasta su muerte
la fue llamando
Cucurucucu cantaba
Ha, ha, ha, ha, ha reia
Ay ay ay ay ay lloraba
de pasion mortal moria
Que una paloma triste
muy de mañana le fue a cantar
a su casita sola
con sus puertitas de par en par
juran que esa paloma
no es otra cosa mas que su alma
que todavia la espera
a que regrese la desdichada
Cucurucucu cantaba
Ha, ha, ha,ha, ha reia
Ay ay ay ay ay lloraba
de pasion mortal moria
Cucurucucu
Cucurucucu
Cucurucucu
Paloma ya no le llores.



Cucurucucu Paloma


o meu amigo tinha um sorriso
e so via quem queria
e as outras linguas diziam
que de ferro era e fingia
saber os fundamentos do amor
e agir como quem não ama
mas ela sabia
que era o sorriso
e sempre o seu sorriso,
que a levava a temer
que um dia tambem ele
se fosse embora
essa distância que a amarga presença
(lembrança viva de um sorriso)
aproxima terrivelmente

para a minha amiga Leira

quinta-feira, outubro 07, 2004

English PEN's "The Bigger Read"
English PEN has decided to launch its own alternative to the Big Read, which reflects our favourite literature from all over the world. We aim to inspire people to read literature from other countries, about people, places and cultures they might not know, and which they come to discover through books. Originally written in languages from all over the world, these books have made an impression on us in one way or another. We hope you'll agree that they have all - in one way or another - made a significant contribution towards cultural development

The Complete Fables
Aesop
Le Grand Meaulnes
Henri Alain-Fournier
The House of Spirits
Isabel Allende
Fairy Tales and Stories
Hans Christian Andersen
Dom Casmurro
Machado De Assis
The Confessions
Saint Augustine
La Cousine Bette
Honore de Balzac
The Second Sex
Simone De Beauvoir
The Bible
Various Authors
Labyrinths
Jorge Luis Borges
The Master and Margarita
Mikhail Bulgakov
If On a Winter's Night a Traveller
Italo Calvino
The Outsider
Albert Camus
The Plague
Albert Camus
Journey to the End of the Night
Louis-Ferdinand D. Celine
Don Quixote
Miguel De Cervantes Saavedra
The Lady with the Dog and other stories
Ronald Wilks
The Half-Brother
Lars Saabye Christensen
The Holy Terrors (Les Enfants Terribles)
Jean Cocteau
The Alchemist
Paulo Coelho
The Inferno
Dante Alighieri
Crime and Punishment
Fyodor Dostoyevsky
The Idiot
Fyodor Dostoyevsky
The Count Of Monte Cristo
Alexandre Dumas
The Three Musketeers
Alexandre Dumas
The Lover
Marguerite Duras
The Maias
Eca De Queiros
The Name of the Rose
umberto eco
The Visit of the Royal Physician
Per Olov Enquist
Bouvard and Pecuchet
Gustave Flaubert
Madame Bovary
Gustave Flaubert
The Interpretation of Dreams
Sigmund Freud
Diary of a Young Girl
B.M. Mooyaart
The Years with Laura Diaz
Carlos Fuentes
Sophie's World
Jostein Gaarder
Love in the Time of Cholera
Gabriel Garcia Marquez
One Hundred Years of Solitude
Gabriel Garcia Marquez
The Tin Drum
Günter Grass
Faust
Johann Wolfgang Von Goethe
Dead Souls
Nikolai Vasilevich Gogol
Goytisolo
Count Julian Juan
Fairy Tales
Wilhelm Grimm
Life and Fate
Vasily Grossman
The Growth of the Soul
Knut Hamsun
Hunger
Knut Hamsun
Seven Years in Tibet
Heinrich Harrer
The Kon Tiki Expedition
Thor Heyerdahl
Miss Smilla's Feeling for Snow
Peter Hoeg
The Iliad
homer
The Odyssey
Homer
Les Miserables
Victor Hugo
The Three-Arched Bridge
Ismael Kadare
The Trial
Franz Kafka
Zorba the Greek
Nikos Kazantzakis
Mehmed My Hawk
Yasar Kemal
Fateless
Imre Kertesz
The Rubaiyat
Omar Khayyam
A Tomb for Boris Davidovich
Danilo Kis
I Shall Bear Witness
Victor Klemperer
The Koran
Unknown
Edes Anna (Sweet Anna)
Dezso Kosztolanyi
Identity
Milan Kundera
The Unbearable Lightness of Being
Milan Kundera
Dangerous Liaisons
Pierre Choderlos de Laclos
The Leopard
Giuseppe Tomasi di Lampedusa
Book of the Way (Tao Te Ching)
Ursula K. Le Guin
Independent People
Halldor Kiljan Laxness
The Canti
Giacomo Leopardi
Le Roman de la Rose
Guillame de Lorris & Jean de Meun
The Story of Ah Q
Lu Xu
The Mahabarata
Unknown
Buddenbrooks
Thomas Mann
Death in Venice
Thomas Mann
The Magic Mountain
Thomas Mann
Little Red Book
Mao Zedong
Embers
Sandor Marai
Norwegian Wood
Haruki Murakami
The Wind Up Bird Chronicle
Haruki Murakami
The Communist Manifesto
Karl Marx
Forbidden Colours
Yukio Mishima
Young Torless
Robert Musil
The Gift
Vladimir Nabokov
Twilight of the Idols
Friedrich Nietzsche
Somersault
Kenzaburo Oe
Pensees
Blais Pascal
Doctor Zhivago
Boris Pasternak
Life A User's Guide
George Perec
Happy Moscow
Andrey Platonov
Soul
Andrey Platonov
The Return
Andrey Platonov
The Dog Star
Agneta Pleijel
In Search of Lost Time
Richard Howard
Zazie in the Metro
Raymond Queneau
Jealousy
Alain, Robbe-Grillet
The Radetsky March
Joseph Roth
Bonjour Tristesse
Francoise Sagan
The Little Prince
Antoine de Saint-Exupery
The Stone Raft
Jose Saramago
Words
Jean-Paul Sartre
Essays and Aphorisms
Arthur Schopenhauer
Austerlitz
W. G. Sebald
Emigrants
W. G. Sebald
The Rings of Saturn
W.G. Sebald
The Reader
Bernhard Schlink
Another Country
James A. Baldwin
One Day in the Life of Ivan Denisovich
Alexander Solzhenitsyn
The Charterhouse of Parma
Henri Stendhal
The Red and the Black
Stendhal
Perfume
Patrick Suskind
Journey by Moonlight
Antal Szerb
The Makioka Sisters
Junichiro Tanizaki
Anna Karenina
Leo Tolstoy
War and Peace
Leo Tolstoy
The Saga Fuga de J B
Gonzalo Torrente Ballester
First Love
Ivan Sergeevich Turgenev
Soul Mountain
Gao Xingjian
The War at the End of the World
Mario Vargos Llosa
The Aeneid
Virgil
Book of Changes (The I Ching)
Richard Wilhelm & Cary F. Baynes, trans.


quinta-feira, setembro 30, 2004

A complicada letra da música do meu verão

I'm a different person, Yeah
turned my world around
I'm a different person, Yeah
turned my world around
I'm a different person, Yeah
turned my world around(world around)

I'm a different person, Yeah
turned my world around
I'm a different person, Yeah
turned my world around
I'm a different person, Yeah
turned my world around
(world around)

I'm a different person, Yeah
turned my world around
(world around)

Shapeshifter´s - Lola´s theme ( Club Mix)

quarta-feira, setembro 29, 2004

La boheme



Je vous parle d'un temps
Que les moins de vingt ans
Ne peuvent pas connaître
Montmartre en ce temps-là
Accrochait ses lilas
Jusque sous nos fenêtres
Et si l'humble garni
Qui nous servait de nid
Ne payait pas de mine
C'est là qu'on s'est connu
Moi qui criait famine
Et toi qui posais nue
La bohème, la bohème
Ça voulait dire on est heureux
La bohème, la bohème
Nous ne mangions qu'un jour sur deux
Dans les cafés voisins
Nous étions quelques-uns
Qui attendions la gloire
Et bien que miséreux
Avec le ventre creux
Nous ne cessions d'y croire
Et quand quelque bistro
Contre un bon repas chaud
Nous prenait une toile
Nous récitions des vers
Groupés autour du poêle
En oubliant l'hiver
La bohème, la bohème
Ça voulait dire tu es jolie
La bohème, la bohème
Et nous avions tous du génie
Souvent il m'arrivait
Devant mon chevalet
De passer des nuits blanches
Retouchant le dessin
De la ligne d'un sein
Du galbe d'une hanche
Et ce n'est qu'au matin
Qu'on s'asseyait enfin
Devant un café-crème
Epuisés mais ravis
Fallait-il que l'on s'aime
Et qu'on aime la vie
La bohème, la bohème
Ça voulait dire on a vingt ans
La bohème, la bohème
Et nous vivions de l'air du temps
Quand au hasard des jours
Je m'en vais faire un tour
A mon ancienne adresse
Je ne reconnais plus
Ni les murs, ni les rues
Qui ont vu ma jeunesse
En haut d'un escalier
Je cherche l'atelier
Dont plus rien ne subsiste
Dans son nouveau décor
Montmartre semble triste
Et les lilas sont morts
La bohème, la bohème
On était jeunes, on était fous
La bohème, la bohème
Ça ne veut plus rien dire du tout

charles aznavour

nos dançamos com a vassoura
enquanto ela apaga as luzes
eles vivem do outro lado
e aqui, agora, somos todos um

gosto tanto de ti e hoje
que te sinto como nunca
a musica grita uma suave melodia
e queria um beijo teu

ainda continuo a pensar em ti
sou a vassoura que roda
pela sala, pela vida, pelas maos
de quem vive aqui, do nosso lado

eles agora ja nao existem
estamos completamente sozinhos
e fazemos tudo o que queremos
nao nos surpreendem
se abrirem a porta
que nos fecha e nos faz sonhar

agora a vassoura e minha
e vou ficar aqui no cantinho
ainda nao a quero passar
vou dançar sozinho

terça-feira, setembro 28, 2004

Finalmente encontrei... :)

menina bonita
com tranças de trigo
sorrindo à janela
vem cantar comigo


os homens fizeram o acordo final
acabar com a fome
acabar com a guerra
viver em amor


vou levar-te comigo
vou levar-te comigo
vou levar-te comigo meu irmao
vou levar-te comigo


ola companheiro
do fato rasgado
nao estendas a mao
foge do passado

que os homens fizeram
o acordo final
acabar com a miseria
acabar com a guerra
viver em amor


vou levar-te comigo
vou levar-te comigo
vou levar-te comigo meu irmao
vou levar-te comigo


ola avozinha
poetas pastores
estudantes ministros
rameiras doutores

os homens fizeram
o acordo final
acabar com a fome
acabar com a guerra
e viver em amor

Duo ouro negro "Vou levar-te comigo"

segunda-feira, setembro 27, 2004

A discórdia é sermos obrigados a estar em harmonia com os outros. A nossa própria vida é o que há de mais importante. Agora, se quisermos ser pedantes ou puritanos, podemos tecer as nossas considerações morais sobre a vida dos outros, mas estas não nos dizem respeito. Para além disso, o individualismo é realmente o mais elevado dos ideais. A moralidade moderna consiste na aceitação dos modelos da nossa época. Julgo que aceitar o modelo da nossa época será, para qualquer homem culto, a mais crassa das imorallidades.
Oscar Wilde, in "O Retrato de Dorian Gray"

terça-feira, setembro 21, 2004

Te amo por cejas, por cabello, te dabato en corredores blanquísimos donde se juegan las fuentes de la luz, Te discuto a cada nombre, te arranco con delicadeza de cicatriz voy poniéndote en el pelo cenizas de relámapago y cintas que dormían en la lluvia No quiero que tengas una forma, que seas precisamente lo que viene detrás de tu mano, porque el agua, considera el agua, y los leones cuando se disuelven en el azúcar de la fébula, y los gestos, esa arquitectura de la nada, encendiendo sus lámparas a mitad del encuentro. Todo mañana es la pizarra donde te invento y te dibujo. pronto a borrarte, así no eres, ni tampoco con ese pelo lacio, esa sonrisa. Busco tu suma, el borde de la copa donde le vino es también la luna y el espejo, busco esa línea que hace temblar a un hombre en una galería de museo.
Además te quiero, y hace tiempo y frío.

(anónimo)

quarta-feira, setembro 15, 2004

acabou tudo minha joia, meu doce amor
A nossa casa de espelhos ruiu
e apenas um passaro canta no jardim
com uma betúnia no bico
Fumo extenuado nesta sala
sentado em cima dos lençois
que cobrem os sofás
onde tantas vezes sorriste

Gosto tanto desse passaro
e eis que voa para longe
estragou-me as betúnias é certo
mas deu-me um poema

Querida Dora, a casa ruiu
é com simpatia que te digo assim
A casa minha querida, olha, ruiu
Ide para teus pais com esta mensagem
E dize a teu querido pai, esse francês
que teu Abecassis canta a ruina
ao som de um nocturno
e que dança pela ruindade feliz


Dora, Dora, quantas vezes te disse
que nao casasses com um desembestado
Dora.. Que simplória , o amor..
agora agarra no necessaire
limpa essa lágrima verdadeira
e ide para casa de teus pais
a casa ruiu, e tenho la fora
o rasto de um pássaro
e um canteiro de betunias para tratar

segunda-feira, setembro 06, 2004

Ansiedad
de tenerte en mis brazos
musitando palabras de amor.
Ansiedad
de tener tus encantos
y en la boca volverte a besar.

Tal vez esté llorando mi pensamiento..
Mis lágrimas son perlas que caen al mar...
Y el eco adormecido
de este lamento
hace que estés presente en mi soñar.

Tal vez estés llorando al recordarme,
y estreches mi retrato con frenesí...
Y hasta tu oído llegue
la melodía salvaje
y el eco de la pena
de estar sin tí...

ansiedad - nat king cole

quarta-feira, setembro 01, 2004

moreno
me convidou para dançar um xote
beijou meu cabelo cheirou o meu cangote
fez meu corpo inteiro se arrepiar
fiquei sem jeito e ele me acolheu junto ao peito
e foi nos braços deste moreno
que eu forrozeei ate ao dia clarear

oi oi oi oi oi me encantei por teu olhar
moreno chega mais para cá
meu dengo vem me chamegar

oi oi oi oi teu jeito de balancear
o corpo inteiro
faz meu coração bater, ligeiro
assim eu vou-me apaixonar

"Bicho de pé- Nosso Xote"


terça-feira, agosto 17, 2004

A verdade e que Smith nunca pensou que seria possivel ouvir aquela musica outra vez. Estava completamente atónito e no entanto, havia algo que lhe dizia que isso seria posível, Atirou há tempos o disco para trás de uma estante, fechou os olhos e fez por se esquecer. E agora eis que tocava, a melodia que ele sempre conheceu e amou, no seu velho gira discos.
Quem teria posto ali o disco e arranjado aquele velha aparelhagem? Deus, o destino, ou porventura ele mesmo numa crise de insónia?
Smith deixava o disco a tocar.. Era mais forte que ele, e ele amava tanto aquela melodia. Amava-a tanto..

sexta-feira, julho 23, 2004

os ventos sopram e arrastam
que o meu tejo então sopre tambem
e quando andares pelos campos
sintas a brisa, que ele tem

domingo, julho 18, 2004

tocas como um quadro
no pulmao da minha alma
e es para sempre a parte mais linda
de uma pincelada de um poeta
e de um poema de um pintor
que pinta com sangue e lagrimas
e é Deus quando acaba
es como um mar branco
e um ar.. de bruma , de nevoeiro
fresco, leve, cheio
es sonhar e acordar suado
es sonho e papel e caneta
e es alma, margarida
es tu e um sorriso
e chorar como um bebe
e punhos e braços
a beleza de fechares os olhos
e tirar a ideia, tirar só
sou um cavalo e uma cenoura
e um cigano que canta
e agora vou dormir
amanha ja estou super atrasado
para adormecer

quarta-feira, julho 14, 2004

"If you´re going to..."

es da terra e do ar
es vida em nuvem e morte em mar
na mão es cinto e cabedal
que estala e fere em vão
essa tua mão que abria
ou abriu, o meu coração

és perfeita, e não é paixão
és tudo o que eu queria
e quis , sempre em vão
es qualquer coisa que queima
e gela, e mexe e sente
e no fundo é o deserto
que sacia a minha sede
que se vangloria eternamente
num cavalo alazão

(vais-te mesmo embora?
juro que nao vou nem chorar
nem chorar
já nao sinto que te minto
havera alguma mentira pior
que a tua verdade)

domingo, julho 04, 2004

quero tudo o que quiseres
e se escutares o meu canto
ouves vozes desses pescadores
que ainda hoje numa ponte
onde o sonho é bruma
e o porto é a voz
se balançam

queria tanto pescar
assim.. com aquela luz
com aquele amar

quero a tua boca
onde o sal se fecha e a lua canta
quero-te sempre assim quieta
ou a dançar, ou a dançar
em qualquer viela desta ribeira
na liberdade desta gaivota
à porta desta capela
vejo o sorriso deles
sao pescadores na bruma
e o Porto sao eles
quietos, num sonho
a balouçar



segunda-feira, junho 21, 2004

acordem os trabalhadores
e deem-lhes campos para ceifar
e nao me acordem a mim
nao me acordem a mim
que estou ocupado a sonhar

acordem os meus amigos
e entreguem-lhes foices
e arados e ancinhos e machados
mas nao martelem demais
que estou mesmo a sonhar
nao, nao me acordes hoje
nem hoje nem nunca mais


segunda-feira, março 08, 2004

"Tudo o de bom que você me fizer
faz minha rima ficar mais rara
o que voce faz me ajuda a cantar
poe um sorriso na minha cara"

Estou com uma insónia tramada
e a gal costa que se mostra inspirada
e ridiculo amanha tenho macro
ouço só mais duas ou três ou quatro

Quiet nights of quiet stars
Quiet chords from my guitar
Vou plagiar o corcovado
é grande e está a abraçar a minha estante
aguenta-te aí Eumir Deodato
samba de uma noite ?
então não quero esta,
que ainda me mato

trago o caetano a cantar a sorte
"voce tá pra lá de marrakesh
mexe mexe"
vou berrar também bem alto
-Não tenho sonho Jorge!!
(Jorge sentou praça na cavalaria
eu estou feliz porque eu também sou da sua companhia)
Que chato, não me vem o sono
ponha então esse som
e deixe estar, deixe estar que é bom


agora vou mesmo dormir
apago o candeeiro com um sopro
a gal costa vai-se embora
mas antes ainda canta

"quando te vejo nao saio do tom
mas meu desejo ja se repara
me da um beijo com tudo de bom
e acende a noite na Guanabara"

Caetano veloso, Gal Costa e eu

quando estamos no meio da noite lembro-me
que é tão dificil acreditar que estou contigo..
e depois fechas os olhos e dormes com aquele sorriso
...
se um dia ficar sem ti vou chorar tantas vezes
que prefiro pensar que te tenho para sempre

Se um dia parares de sorrir na fotografia
que tenho junto à escrivaninha
onde estas enrolada num lençol branco
(e giro como ng percebe que estas nua)
prometo-te que nao fico com ela

O que e teu será sempre teu
e eu so quero o teu sorriso se ficar assim
como está esta noite

terça-feira, fevereiro 10, 2004

Porno session

ha uma cortina entre sonhos
abres e vês que é um lençol
agarras-te e cais nessa cama
que e feita de seda e alcool

gira tudo, é excêntrico
dixieland, cubo concêntrico
Paul Gauguin risca um traço
na minha coca, dá-me um abraço

Morde-me, és tão filette!
Ouço em crescendo o compasso
É um comboio, o teu expresso
(Ai que bom) peca por excesso

C´est si bon oui!
Que se dane! Jorra melaço
sempre gostei desta palavra
melaço, aço, é branco e baço


Deixaste os sapatos no Hall
Bebe então pelos meus
É champagne querido
é Jazz, e BLues e Rock and Roll.

ps-desculpa pipocz mas da maneira que isto ia tinha de descambar assim!

quarta-feira, fevereiro 04, 2004

Este samba vai para vai para ela a pedido, e para ele porque é devido

(recomendo berimbaus, tambores , algumas vozes de fundo e um apito)

Alô moça da lágrima! Quer vir? Apavora não
Tudo demora , tudo demora, é mesmo assim
Venha moça, volta atrás. Apavora não
Que bonita é você, assim..

Você viu?
(você viu, você viu, você viu, ela fugiu!)
você viu?
(você viu, você viu, você viu, ela fugiu)

Alô a você moça! continua sendo
minha única dama de compasso
hoje não foge não?Olha foge não?!
que coisa linda, tudo feito a traço..

Você viu?
(ela não fugiu, ela não fugiu, não, não)
Você viu?
(ela não fugiu, ela não fugiu, não,não)

Ai menina, voce faz meu coração girar
Ainda me lembro
Venha moça, dá pra mim
Quero-te ver dançando para meu coraçao girar

Agora é que ela fugiu
Sai da frente, quero passar
Seu Dorivaldo, abre essa porta
eu vou pegar, e nao vou largar

segunda-feira, fevereiro 02, 2004

(...)A minha ruína começou no dia em que me pediram para a fazer sorrir. Levantei-me da nossa mesa e disse
-espero que esta noite esteja do seu agrado.
fiz uma vénia duplamente encurvada e equilibrei o copo na nuca.
Ela não sorriu, muito pelo contrário. Pôs a mão à frente da testa e olhou para baixo.
Tirei o copo.Sentei-me outra vez na mesa e fiz aquele sorriso estúpido que se faz quando se fica mal perante uma piada desgostosa. Na mesa os rapazes ficaram a olhar para mim e incrivelmente as raparigas fizeram o mesmo que ela. Baixaram levemente os olhos.
A partir daí nunca mais se riram comigo. Perdi completamente o dom... a culpa foi inteiramente dela! Deus me perdoe mas que cabra!
De resto, foi a única mulher que me interessou em toda a estadia , a mulher que nao se ria das minhas piadas; a minha ruína e o meu tesão. (...)
In "Welcome to Staffordshire", de Douglas Fairbanks


quinta-feira, janeiro 29, 2004

as vezes os poetas tambem se cansam
e deixam de voar
as vezes..
(e quando chove)
e os poetas se cansam
deixam de voar
e as vezes
sim, as vezes tambem choram
mas por raras as vezes
os poetas têm de se cansar
so para saber
o que e ser poeta
e o que é voar

Para a minha pipoca

quarta-feira, janeiro 21, 2004

Fui pela segunda vez ao Tangaroa, hawaiian bar. É lindo. Os empregados são super charmosos desde que não se vomite na alcatifa .Além disso também vomitei o cinzeiro alto de louça e a carta de cocktails. A minha roupa não conta.
Para repetição comecem com o vulcão ( é uma figura com a figura de um buda sentado com um casaco verde) e depois passem para o muai thai (é uma cabeça de mistura de tigre com monstro) tudo bebido sofregamente . São 12 Euros o pack mas conta com duas levadas de amendoins, tiritas de milho frito e batatinhas fritas de palhinha, tudo em pequenos pires ao estilo hawaiiano.
Para mais informações:
Tangaroa Bar (hawaiian)- LISBOA - SÃO JORGE DE ARROIOS Avenida Almr Reis 194-A - Lisboa
1000-055 LISBOA
Telefone: 218 481 056

Obs- não gostei da forma como o empregado levantou o cinzeiro, dir-se-ia que estava com nojo.

terça-feira, janeiro 20, 2004

eles tocam e não se importam
(segredo-te ao ouvido que os ouço embalar os outros)
não me deixes aqui sozinho querida
(diz-lhes que abram os olhos,que abram os olhos)

Estive a estudar até tarde na Católica ( para quem nao sabe, sala 514 aberta toda a noite ) elementos de história económica II. Tive imensos intervalos de estudo a que se podem chamar momentos de descompressão animal. Basicamente a estrutura destes intervalos descreve-se assim:

- Início: Um de nós enfastia-se miseravelmente, olha para o outro durante 10 segundos placidamente e observa o que este está a fazer na sua intimidade estudantil.
- A descoberta: O outro descobre a comiseração do miserável. Começa a ignorá-lo repetidamente e a fingir que está sozinho na sala. Emite grunhidos , engole especturação de forma ruidosa e se possível arrota para dentro.
- A revelação: O rebelde sugere baixando a cabeça se não será melhor darmos um "break". Esta palavra é importantissíma não só para aliviar a tensão da sugestão que irá perturbar o estudo do infeliz a seu lado mas também para dar um certo ar que domina a situação e está perfeitamente consciente que no dia seguinte nao irá ter nega.
- A aceitação complacente: O outro tem a constatação que a sua vida não vale nada e está ridiculamente a negar uma verdade axiomática : O prazer de um momento de ócio virtual seguido pelo baforar de um cigarro pensativo. Acena afirmativamente com a cabeça embora pausadamente para não se descobrir que está a tremer de felicidade por dentro.
- A propagação da doença - O animal rebelde começa a assobiar e a fazer movimentos com a cabeça indicando a porta para os outros que coabitam o espaço estudantil, fazendo ver que se prepara para fazer um intervalo.
- A concretização - com o mínimo de barulho possível, cada elemento do grupo começa a sair calmamente dos seus lugares e a dirigir-se para o hall. Um ou outro conseguem resistir 5 minutos.

Esta é então a estrutura corrente dos intervalos ou momentos de descompressão animal.

O método de Mirsa: O mirsa levanta-se e vamos todos ter com ele.

quinta-feira, novembro 13, 2003

Hoje no café falámos dos poemas do barão de santorini. Este não é do Diego mas é sem dúvida um dos melhores que já li


"Puedo escribir los versos más tristes esta noche.

Escribir, por ejemplo: "La noche está estrellada,
y tiritan, azules, los astros, a los lejos"

El viento de la noche gira en el cielo y canta.

Puedo escribir los versos más tristes esta noche.
Yo la quise, y a veces ella también me quiso.

En las noches como esta la tuve entre mis brazos.
La besé tantas veces bajo el cielo infinito.

Ella me quiso, a veces yo también la quería.
Cómo no haber amado sus grandes ojos fijos.

Puedo escribir los versos más tristes esta noche.
Pensar que no la tengo. Sentir que la he perdido.

Oír la noche inmensa, más inmensa sin ella.
Y el verso cae al alma como al pasto el rocío.

Que importa que mi amor no pudiera guardarla.
La noche está estrellada y ella no está conmigo.

Eso es todo. A lo lejos alguien canta. A lo lejos.
Mi alma no se contenta con haberla perdido.

Como para acercarla mi mirada la busca.
Mi corazón la busca y ella no está conmigo.

La misma noche que hace blanquear los mismos árboles,
Nosotros, los de entonces, ya no somos los mismos.

Ya no la quiero, es cierto, pero cuanto la quise.
Mi voz buscaba el viento para tocar su oído.

De otro. Será de otro. Como antes de mis besos.
Su voz, su cuerpo claro. Sus ojos infinitos.

Ya no la quiero, es cierto, pero tal vez la quiero.
Es tan corto el amor y tan largo el olvido.

Porque en noches como ésta la tuve entre mis brazos,
mi alma no se contenta con haberla perdido.

Aunque éste sea el último dolor que ella me causa,
y éstos sean los últimos versos que yo le escribo."

Pablo Neruda