quarta-feira, maio 24, 2006

quando acordo cuspo um fio
longo, espesso, o fio da minha vida
abro a varanda e olho para lisboa
e canto com vontade

estico os braços, endireito a barba
as guitarras lá em baixo
me dizem que sou velho
janelas do passado

mas olhem, ve-de que acordo
e depois de me cuspir ainda olho
e os meus olhos sao azuis
e a minha voz rouca

guitarras
conhecem-me tão bem
quando fui novo arrebataram-me
e agora velho,
rio-me que zombem de mim

agora, que so tenho esta voz
não é de certeza a altura de deixar
que a vergonha de deus
me impeça de cantar

e assim, vou porventura morrer
com um sorriso na cara
guitarras toquem que vou cantar
toquem de mansinho
que vou cantar

quinta-feira, maio 18, 2006

agarro a noite
como se da minha voz, nunca ouvisse
- amo-te com alma,amo-te com alma

levanto-me de madrugada
o vento nao sopra e quando tu sorris
ensaia vozes que dizem que me renda
e grite a plenos pulmoes
- amo-te com alma, com alma

mas a noite que me consome
diz-me que adormeça nos seus braços
e se te amo com a alma, à noite
amo-a com todas as forças
que o meu pobre corpo
não tem