terça-feira, janeiro 20, 2004

Estive a estudar até tarde na Católica ( para quem nao sabe, sala 514 aberta toda a noite ) elementos de história económica II. Tive imensos intervalos de estudo a que se podem chamar momentos de descompressão animal. Basicamente a estrutura destes intervalos descreve-se assim:

- Início: Um de nós enfastia-se miseravelmente, olha para o outro durante 10 segundos placidamente e observa o que este está a fazer na sua intimidade estudantil.
- A descoberta: O outro descobre a comiseração do miserável. Começa a ignorá-lo repetidamente e a fingir que está sozinho na sala. Emite grunhidos , engole especturação de forma ruidosa e se possível arrota para dentro.
- A revelação: O rebelde sugere baixando a cabeça se não será melhor darmos um "break". Esta palavra é importantissíma não só para aliviar a tensão da sugestão que irá perturbar o estudo do infeliz a seu lado mas também para dar um certo ar que domina a situação e está perfeitamente consciente que no dia seguinte nao irá ter nega.
- A aceitação complacente: O outro tem a constatação que a sua vida não vale nada e está ridiculamente a negar uma verdade axiomática : O prazer de um momento de ócio virtual seguido pelo baforar de um cigarro pensativo. Acena afirmativamente com a cabeça embora pausadamente para não se descobrir que está a tremer de felicidade por dentro.
- A propagação da doença - O animal rebelde começa a assobiar e a fazer movimentos com a cabeça indicando a porta para os outros que coabitam o espaço estudantil, fazendo ver que se prepara para fazer um intervalo.
- A concretização - com o mínimo de barulho possível, cada elemento do grupo começa a sair calmamente dos seus lugares e a dirigir-se para o hall. Um ou outro conseguem resistir 5 minutos.

Esta é então a estrutura corrente dos intervalos ou momentos de descompressão animal.

O método de Mirsa: O mirsa levanta-se e vamos todos ter com ele.