quinta-feira, outubro 26, 2006

nao aguento as minhas manias
as tuas,porra, são tuas
ves-me a lidar com cadeiras
e a partir notas no piano?
sujo a cabeça pelo salao
raspo os labios na parede
estravazo e extrapolo
dou eco a minha solidao
e vens-me com merdas
que não vens, não?

nota..
o meu mote não e esta indecencia
de me esmifrar num canto esquecido
gastar renovas e soprar o balao
ouvir discos antigos
chafurdar mexericos e trocadilhos

sou gajo para estas merdas e muito mais

a neblina que encobre os meus anseios
ensinou-me a vaguear sem nexo
e minto, se disser, convicto
que o fiz, que rumei incerto
porque de todos estes desertos
germinou sempre rasto de verdade
ouve quem quiser e digo mais,
que sem duvida, colhi a flor
cheirei-a, comi-a e vomitei-a
pu-la num altar e encostei-me
aos seus espinhos a cantar..
o sangue desse conto
jorra sem pudor, quase obsceno
nas pegadas que deixei na areia
e desenha a seguinte inscrição:
todos os mistérios que amei
nunca do coração fui vitima
sei que caminho tomo
e nunca,nunca duvidei

sexta-feira, outubro 20, 2006

o pescador que deita a linha
adormeceu agora, erro trágico
está-lhe um peixe a comer a alma
e outro, zomba, sentado a seu lado
a fumar os seus cigarros

se acordasse, este pescador
agarraria na lanterna e descia pelo mar
esta na hora de procurar, disse
mas este pescador que dorme
sonha que ja encontrou

é volátil, esta prática
de sonhar, digo
mais valia agarrar a linha
agarra-la ate ser dia
e depois, sonhava à noite

este pescador que dorme acordado
este pobre pescador não acorda
e os sonhos passam-lhe ao lado

sei de ouvir da tua boca
sei de olhar para um castelo nas ondas
a vaguear na noite sem lua,
sei o que é rebentar por dentro
e estar febril quando acordo
louco na escuridão
e perdido pela manhã

e quanto mais penso mais entro
no saber inconfundivel
que os teus olhos mostram
sao caminhos que se mostram na noite
fecho os olhos e guio-me
por ti

terça-feira, outubro 03, 2006

a noite que canta o teu amor
sabe a diamantes e come-te de manha
es senhor das mascaras e da vida
boemia tarada, loucas fantasias
trazes pozinhos de magia nas mangas
e se à noite te envolves em suores
sopra-los da mao durante o dia
e es estrangeiro em fuga

o meu amigo vive em sonhos
a irrealidade dos contos viris
nao e para aqui chamada
contem-me historias que duvido
e nele, senhores, acredito

a noite que canta o teu amor
sabe a caviar e de manha a arenque
-esta boa senhora? eu estou quente..
os olhos que te veem brilham
e os suspiros que dao, na cama cheia
cantam doces encantos para ti
de manha es outra vez teu
e pela estrada fora
pensas que chega outra noite
está quase, nao demora..

"po meu amigo xulinho"