quando acordo cuspo um fio
longo, espesso, o fio da minha vida
abro a varanda e olho para lisboa
e canto com vontade
estico os braços, endireito a barba
as guitarras lá em baixo
me dizem que sou velho
janelas do passado
mas olhem, ve-de que acordo
e depois de me cuspir ainda olho
e os meus olhos sao azuis
e a minha voz rouca
guitarras
conhecem-me tão bem
quando fui novo arrebataram-me
e agora velho,
rio-me que zombem de mim
agora, que so tenho esta voz
não é de certeza a altura de deixar
que a vergonha de deus
me impeça de cantar
e assim, vou porventura morrer
com um sorriso na cara
guitarras toquem que vou cantar
toquem de mansinho
que vou cantar
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