quarta-feira, maio 24, 2006

quando acordo cuspo um fio
longo, espesso, o fio da minha vida
abro a varanda e olho para lisboa
e canto com vontade

estico os braços, endireito a barba
as guitarras lá em baixo
me dizem que sou velho
janelas do passado

mas olhem, ve-de que acordo
e depois de me cuspir ainda olho
e os meus olhos sao azuis
e a minha voz rouca

guitarras
conhecem-me tão bem
quando fui novo arrebataram-me
e agora velho,
rio-me que zombem de mim

agora, que so tenho esta voz
não é de certeza a altura de deixar
que a vergonha de deus
me impeça de cantar

e assim, vou porventura morrer
com um sorriso na cara
guitarras toquem que vou cantar
toquem de mansinho
que vou cantar