domingo, novembro 26, 2006

Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco
conheço tão bem o teu corpo
sonhei tanto a tua figura
que é de olhos fechados que eu ando
a limitar a tua altura
e bebo a água e sorvo o ar
que te atravessou a cintura
tanto tão perto tão real
que o meu corpo se transfigura
e toca o seu próprio elemento
num corpo que já não é seu
num rio que desapareceu
onde um braço teu me procura

Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco

Mário Cesariny

quarta-feira, novembro 22, 2006

a forma como te olho
é ambígua, querido
se por um lado te vejo
por outro tapo a peneira
a cegueira fere-me os olhos
e o meu olhar anseia

a noite que me acalmou o espirito
canta a discórdia do amanhã
o meu amor sabe a nada e a tudo
toco o que o destino me traz
e o meu canto é mudo

o meu movimento é estar deitada
de tanto estudar o meu sofrimento
acabei por ficar curvada
dizem-me que parece que rezo
mas a minha voz está calada

domingo, novembro 19, 2006


epá, eu..